segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Encerrada a parte teórica da segunda fase do Encontros & Conexões: grupo aguarda, ansioso, a troca de experiências em Vassouras


O professor Alair Duarte orienta os cursistas na aplicação
do método de Análise do Discurso ao texto do folheto O
Centenário, de 1958.
As aulas teóricas da segunda fase do projeto Encontros & Conexões encerraram-se nesse sábado (29/11).  Abrilhantando o último encontro, contamos com as presenças dos professores Alair Duarte e Junio César Rodrigues, discorrendo sobre metodologias de Análise do Discurso.  O professor Alair iniciou a aula demonstrando a subjetividade dos discursos, às quais os pesquisadores devem estar sempre atentos na hora de empreender seu trabalho.  O professor Alair articulou, em sua exposição, a premissa introduzida por Maria Aparecida Baccega aos conceitos teórico-metodológicos de Marcel Detienne.  Assim, percebemos que a palavra é viva e que por meio dela, vão se formando os conjuntos de representações e ideias que nos permitem apontar possibilidades interpretativas para as sociedades do passado.  O professor Alair usa os pressupostos de Detienne para propor relações dialógicas entre Antiguidade e Contemporaneidade.  Assim, ele nos mostra que o método é indispensável para a pesquisa histórica, pois presume o aparato usado para interpretação crítica do documento. 
O professor Junio César apresenta aos cursistas, outra
abordagem para a Análise do Discurso.
Complementando a fala do professor Alair, o professor Junio César trouxe uma diferente abordagem também voltada para a Análise do Discurso.  Baseando-se no instrumental desenvolvido por Eni Orlandi, o professor Junio deu ênfase às múltiplas mensagens captadas em um discurso, bem como os impactos gerados pela recepção desses discursos.  Nessa perspectiva analítica, destacaram-se as funções desempenhadas pelo emissor, pelos receptores, assim como o caráter do discurso.  Observar tais aspectos são indispensáveis para situarmos o local de fala de quem produziu aquele discurso e chegarmos aos seus prováveis significados. 
Ao final de ambas as exposições, foi orientado o trabalho dos cursistas, aplicando as metodologias desenvolvidas a um documento sobre a história de Queimados.  Tal documento (um artigo do folheto O Centenário) foi analisado pelo grupo e, em pouco tempo, interessantes hipóteses já começaram a aflorar.  Dessa forma, percebemos que não importa se o documento foi produzido na Grécia Clássica ou na Baixada Fluminense, da década de 1950: o método fornecerá o instrumental para que nossos olhos do século XXI possam se debruçar sobre os vestígios do passado...
Ao final do encontro, a emoção toma conta...
No encerramento desse encontro e das aulas teóricas dessa etapa do Encontros & Conexões, o clima era de total confraternização.  O grupo segue animado pela possibilidade inovadora de investigar as múltiplas memórias e escrever a história de sua cidade, inaugurada por este projeto.  Assim, aguarda ansioso a culminância em Vassouras, daqui à três semanas.  Da mesma forma, parabeniza a Secretaria de Educação de Queimados, por ter proporcionado a realização desse projeto e já pensa na continuidade dessas iniciativas, dada a sua recepção e impacto positivo junto à comunidade.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ação Global agita Queimados

Ao longo do dia, várias pessoas
visitam a pequena exposição de
fotografias da cidade.
Contrariando as previsões meteorológicas, o domingo foi quente e ensolarado.  Tanto melhor para aqueles que se dirigiram à Vila Olímpica de Queimados, a fim de conferir as atrações e serviços oferecidos pelo programa Ação Global, uma parceria estabelecida entre a Rede Globo e o SESI.  As opções eram variadas: desde brinquedos e brincadeiras para entreter a garotada, cortes de cabelo e aplicação de flúor, até consultoria jurídica, expedição de documentos etc...
A Prefeitura da Cidade se fazia presente, por meio das várias tendas montadas ao redor da pista de atletismo e ocupadas pelas secretarias municipais.  Nas tendas destinadas à Secretaria Municipal de Educação, um cantinho para a exposição de fotografias da cidade chamou a atenção de muita gente. Sim, nós do Pesquisa, Memória e Patrimônio Histórico de Queimados estávamos lá, contando um pouco da história da cidade por meio de fotografias e outros documentos que marcaram a luta pela emancipação.
Sr. José Carlos e o Secretario de Educação,
 Lenine Lemos: revendo fotos da primeira
formação da Câmara Municipal da cidade,
da qual o Sr. José Carlos fez parte.
Por nosso espaço, passaram homens e mulheres que, de uma forma ou de outra, participaram da história recente de Queimados. À medida que essas memórias eram remexidas, estimuladas pela visualização dos fatos marcantes impressos nas fotografias, curiosas e emocionantes histórias iam surgindo também. Graças a elas, pudemos presenciar preciosos momentos de interação entre pais e filhos, avós e netos: uma viagem no tempo, contando um pouco da história local.  Ao final da tarde, mesmo com o cansaço e o "calor subsaariano", nos sentimos imensamente gratificados por termos percebido que nosso trabalho vem recebendo o apoio e o reconhecimento da comunidade.  Mas, acima de tudo, nos sentimos felizes por percebemos o quanto esse trabalho vem contribuindo para o despertar de "memórias adormecidas" e o resgate da autoestima dos queimadenses...
Da esquerda para a direita:  Dr. Jorge,
Azair Ramos (respectivamente 1º e 2º
 prefeitos de Queimados) e o Prof. Nilson.

Profª. Claudia e João Batista. Ao fundo,
Jair Borracha observa a exposição.














Parabéns a toda equipe da Secretaria Municipal de Educação de Queimados pelo sucesso de mais um grande projeto!!!    
 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Encontros & Conexões: segunda fase do projeto segue discutindo metodologias para a pesquisa histórica

Prof. Luís Filipe coordena a atividade
prática, durante o segundo encontro.
Desde a abertura da segunda etapa do projeto Encontros & Conexões, com a aula do professor José Roberto de Paiva, já transcorreram três sábados, durante os quais foram debatidas diferentes metodologias de pesquisa histórica.  A cada encontro, dois professores do Núcleo de Estudos da Antiguidade (NEA/UERJ) abordam propostas metodológicas para trabalhar com diversos tipos documentais: textos, imagens, depoimentos orais...  As possibilidades são variadas.  Ao final de cada encontro, uma atividade prática é sugerida aos cursistas, como forma de complementar as sugestões de análise propostas.
O grupo assiste a exposição do Prof.
Cristiano Bispo: terceiro encontro.
No segundo sábado, contamos com a presença dos professores Luis Filipe Bantim e Carlos Eduardo Campos, apresentando a metodologia da Análise do Discurso, aplicada a contextos diversos.  Durante a apresentação dos professores, os participantes puderam perceber as interações estabelecidas entre a Antiguidade e o Tempo Presente, apontando a possibilidade de levar esse debate às salas de aula das escolas.
No terceiro sábado, os professores Cristiano Bispo e Trícia Magalhães deram continuidade ao curso, apresentando, respectivamente, uma proposta semiótica de análise de imagens e técnicas para a elaboração de um projeto de pesquisa.  O estudo das imagens não é menos importante que a análise dos discursos escritos e, assim como estes, pode se constituir em instigante material para ser trabalhado junto aos alunos.  Porém, é de fundamental importância que esse arcabouço metodológico seja compreendido e exposto sob forma de projeto, para que fique claro para todas as partes envolvidas, a forma de execução e os objetivos a serem atingidos.
No quarto sábado, as professoras Claudia Costa e Maria de Fátima do Rosário abordaram a questão da História Oral.  Na primeira parte da aula, a professora Claudia expôs um pouco da metodologia da História Oral: como ela surgiu na academia, seus usos e os cuidados que o pesquisador deve ter quando da realização de uma entrevista.  Complementando a exposição sobre História Oral, a professora Maria de Fátima apresentou um pouco da história da etnia Dogon, uma sociedade africana que vive no território do atual Mali e que mantém sua cultura baseada na oralidade.  Ao final, uma oficina foi proposta, com a confecção da boneca Abayomi, uma boneca africana. 
O quarto encontro se encerra com a
oficina proposta pela Profª. Maria de
Fátima.
Profª. Claudia Costa apresenta a
metodologia de pesquisa da
História Oral: quarto sábado.












No próximo sábado, teremos o encerramento de nossas aulas teóricas, com as presenças dos professores Alair Duarte e Junio César Rodrigues.  Esperamos, assim, encerrarmos com sucesso o ciclo de aulas sobre metodologia para pesquisa histórica.  Reiteramos que o suporte metodológico oferecido por meio das aulas dessa fase do projeto, visa apontar possibilidades para que os cursistas pensem em propostas ou projetos que possam ser desenvolvidos junto a seus alunos. Esses projetos serão realizados no próximo ano e seus resultados, apresentados por ocasião do II Seminário de Memória e Patrimônio Histórico de Queimados.


Os professores Maria de Fátima, Nilson Henrique e Claudia Costa, juntos
com a turma: todos exibindo suas bonequinhas Abayomi, confeccionadas
durante oficina.

Em tempo: lembramos àqueles que irão à visita técnica em Vassouras (dia 19/11) e que ainda não confirmaram, favor fazê-lo até o próximo sábado, para que possamos ter ideia do quantitativo para o transporte e hospedagem.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Uma noite prá não esquecer: alunos da E.M. Leopoldo Machado remexem suas memórias e nos brindam com muuuitas histórias!

A professora Claudia inicia sua apresentação, falando sobre
os múltiplos significados de "memória."
O último dia 28 foi uma noite especial!  A convite da professora Verônica, que vem desenvolvendo um interessante trabalho sobre preservação das memórias junto aos seus alunos da Educação de Jovens e Adultos, fomos até a Escola Municipal Leopoldo Machado conhecê-los melhor.  O objetivo?  Mostrar-lhes um pouco do nosso trabalho de pesquisa da História de Queimados mas, principalmente, ouvir atentamente o que as memórias dessa gente, que ajudou e ainda ajuda construir a cidade, poderiam nos revelar.  O debate foi enriquecedor!  Os alunos ouviram atentos a primeira parte da aula e foram superando, gradativamente, a timidez.  A discussão foi fomentada, após a exibição de parte de um episódio do Sítio do Picapau Amarelo, no qual Emília, a sagaz boneca de pano criada por Monteiro Lobato, agita todos os moradores do sítio, ao decidir escrever suas Memórias...  Começa, então, uma divertida disputa: quem deverá escrever as memórias do sítio? Que fatos receberão destaque? O que é verdade e o que é mentira nessa narrativa?  Só é digno de crédito aquilo que está escrito?
A professora Verônica exibe o pequeno sapatinho, objeto
de valor inestimável: presente da parteira que a ajudou
nascer.
Assim, os alunos da professora Verônica foram convidados a refletir um pouco mais sobre o ofício do historiador e, também, contribuir conosco na construção dessa história.  Assim, ao observarem uma série de fotografias antigas de Queimados, relembraram aspectos de suas infâncias, onde nasceram ou porque optaram por viver em Queimados.  Por olhos atentos e emocionados, desfilaram imagens dos antigos laranjais, da estação ferroviária há mais de 50 anos, da principal praça da cidade, de um dos antigos cinemas... Em nossos ouvidos atentos, ficaram retidas narrativas curiosas e comoventes, de pessoas que vivenciaram quase todo o processo de crescimento urbano do local, que culminou com sua emancipação.
Ao final desse proveitoso encontro, agradecemos imensamente a oportunidade aberta pela professora Verônica, para que pudéssemos levar um pouco do nosso trabalho à comunidade escolar queimadense.  Agradecemos mais ainda, aos seus alunos, pela lição de perseverança e sensibilidade que nos foi dada naquela noite de quarta-feira...  
Após remexerem suas memórias, alunos e professores (Quem é quem?) posam
para a foto de despedida.
     

domingo, 2 de outubro de 2011

Jornal Extra denuncia: "Memória prestes a virar pó"

Casa que abrigou a Tenda Espírita N. Srª. da Piedade,
em 1908: patrimônio com dias contados! (foto: Roberto Moreyra)
Mais uma vez o Jornal Extra nos chama a atenção para um caso (Ou seria descaso?) em que a preservação do Patrimônio Histórico de uma região é posta em xeque.  Dessa vez, no bairro de Neves, em São Gonçalo, uma casa centenária aguarda a demolição iminente, em meio às estruturas metálicas já erguidas e que irão servir-lhe de epitáfio.  O imóvel tem seu valor histórico atrelado ao surgimento da Umbanda.  Foi nessa casa que, segundo dados da reportagem, Zélio Fernandino de Moraes, por inspiração da entidade Caboclo das Sete Encruzilhadas, fundou a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e presidiu a primeira sessão dessa religião, nos idos de 1908.
Ainda segundo a reportagem, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) afirmou que nunca houve um pedido de tombamento do imóvel.  Para as esferas estadual e municipal, a antiga casa também passou desapercebida e, por isso, não há nada que possa evitar o seu desaparecimento. Trata-se de mais um fato lamentável, principalmente para os quase 400 mil umbandistas brasileiros...
Casa que pertenceu à Dona Jaci Cruz
Jorge: patrimônio perdido...
Essa reportagem nos fez refletir, mais uma vez, sobre o recente destino da casa rosa, onde morava a falecida Dona Jaci Cruz Jorge.  Sua rápida demolição e a construção de uma enorme loja em seu lugar ainda causa desconforto a muitos queimadenses.  Muito mais que simples construções, essas casas são importantes fragmentos das memórias locais.  Exatamente por esse motivo, precisam de políticas públicas que cuidem de sua preservação para que, com elas, possamos nos manter mais próximos da nossa História!