quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Miguel Novaes: Educação Ambiental e desenvolvimento sustentável

No avançar da segunda década do século XXI, multiplicam-se os debates em torno do desenvolvimento sustentável e da criação de programas que deem conta de instituir pilares para a Educação Ambiental. As interações estabelecidas entre homem e natureza passaram a ocupar lugar de destaque no pensamento ocidental já na segunda metade do século passado, motivadas, em parte, pela emergência de movimentos culturais ligados à defesa de direitos civis, políticos e sociais. Os acelerados e inevitáveis processos de urbanização e modernização das cidades também contribuem para o aprofundamento dessas reflexões, na medida em que expõem as tensões entre progresso e degradação ambiental.
Miguel Novaes de Almeida:
diretor presidente da SANEÁGUAS.
Em sintonia com esses debates, entrevistamos hoje, Miguel Novaes de Almeida, diretor presidente da SANEÁGUAS: primeira empresa de saneamento da Baixada Fluminense e uma das quatro maiores do Estado do Rio de Janeiro, instalada e atuante em Queimados há 15 anos. Durante cerca de uma hora de entrevista, Miguel discorreu sobre suas experiências à frente dessa empresa, tecendo os fios de uma história que se interpola à sua própria trajetória de vida na cidade.
Miguel é pai da pequena Dhyulia Peluzio de Almeida, fruto de um sólido casamento de 15 anos com Dona Leila Cristina Peluzio. Ao atender a uma solicitação da família da esposa, Miguel muda-se do Rio de Janeiro para Queimados e a partir de então, trajetórias pessoal e profissional convergiriam, revelando os nexos de afetividade estabelecidos entre o nosso entrevistado e a cidade de Queimados.
Isso posto, Miguel destacou, ainda, as parcerias firmadas entre sua empresa e Prefeituras da Baixada Fluminense, sobretudo com a Prefeitura de Queimados, na realização das obras de saneamento da região. Também mereceu amplo destaque, ao longo de sua fala, o trabalho desenvolvido pela SANEÁGUAS, no âmbito da Educação Ambiental, junto à população local. Sob essa perspectiva, Miguel ressaltou a importância da conscientização popular, acerca dos impactos socioambientais do crescimento experimentado por Queimados, particularmente nas últimas décadas.
Segundo a psicóloga e educadora Isabel Cristina de Moura Carvalho: 
A Educação Ambiental fomenta sensibilidades afetivas e capacidades cognitivas para uma leitura do mundo do ponto de vista ambiental. Dessa forma, estabelece-se como mediação para múltiplas compreensões da experiência do indivíduo e dos coletivos sociais em suas relações com o ambiente (...) [A] Educação Ambiental [atua] como mediadora na construção social de novas sensibilidades e posturas éticas diante do mundo (CARVALHO, 2008)
 Miguel de Novaes no momento em que 
 ressalta a importância do incentivo a 
 ações no campo da educação e da 
 cultura.  
Em sua fala, Miguel Novaes nos permitiu entrever sua concordância com esses pressupostos. Ao afirmar que os investimentos na cultura devem ser priorizados como forma de se atingir um desenvolvimento sustentável, relacionou suas experiências nessa área com a formação adquirida na Maçonaria. Maçom desde 2003, Miguel é, hoje, presidente da Loja Maçônica Akhenaton, em Miguel Couto - Nova Iguaçu. Segundo Miguel, 

O maçom, quando ele entra [para a Maçonaria], ele entra sem preparo nenhum: ele é totalmente uma pedra bruta. Com o tempo, ele é lapidado para ser um grande homem e aí, ensinar [através do exemplo] a outros homens, como deve se comportar perante as leis de Deus (...) para chegar a ser uma pedra polida, um homem de bem... (ALMEIDA, 2014).

Ao usar o processo de lapidação como metáfora para ilustrar a importância de sua associação à Maçonaria, nosso entrevistado aponta o conhecimento como o caminho para o progresso humano. Ao apostar nesse caminho, conjugando-o à sua prática profissional, reafirmou a ideia de que “a educação ambiental deve ser acima de tudo um ato político voltado para a transformação social” (JACOBI, 2003: 196). Pensar nisso nos convida a refletir um pouco sobre as tensões enfrentadas hoje por uma cidade que se moderniza a cada dia, mas, que no entanto, entende que cidadania é ato continuo de construção e, que sobretudo, perpassa pelo reconhecimento de suas raízes.